O Pantanal é a maior planície inundável do mundo: cerca de 200 mil km2, que equivalem à soma dos territórios de Portugal, Holanda, Bélgica e Suíça. Um sistema regulado por grandes cheias anuais e naturais, próprias da região e influenciadas pelo regime de degelo dos Andes no verão. No ano de 2020, esse santuário de fauna, flora e pessoas, presenciou um paradoxo. A estupidez de uma certa fração da espécie humana, incentivada por monstros disfarçados de políticos, provocou a maior queimada criminosa da história do bioma. Em 2024, o cenário se repetiu.
O mesmo fogo que aquece e encanta, queima e destrói. A água que irriga é a mesma que afoga. Para o filósofo grego pré-Socrático Empédocles (495 a.C - 430 a.C.), o elemento sai do seu equilíbrio quando a força que domina é a do ódio e da raiva. Por outro lado, o elemento em equilíbrio é produto da força do amor. Na exposição “Água, Pantanal, Fogo”, Lalo de Almeida documenta o fogo do ódio, enquanto Luciano Candisani retrata a enchente de amor. As imagens denunciam e informam, dando forma e conteúdo aos números da ciência e às notícias dos jornais. Sobretudo, a arte da dupla emociona. O contraste entre a exuberância da vida e a violência do crime que leva à morte, entre a água e o fogo, entre o bem e o mal, entre o amor e o ódio, entre o encanto e o medo, nos leva à nossa raiz mais íntima. O resultado é maravilhamento com a beleza da natureza e indignação com a estupidez, o crime e a impunidade. Desse turbilhão emerge a esperança, aquela que Paulo Freire (1921-1997) dizia ser do verbo esperançar e que nos leva à ação, inspirada pelo encontro da arte com a ciência e com a emoção que vem do espírito.
Fabio Scarano, curador do Museu do Amanhã
Mudança climática: Água Pantanal Fogo
Águas que inundam, águas que vazam. Seca que chega, fogo que incendeia. A região do Pantanal tem a singularidade de ser regida, desde sempre, pelo equilíbrio do ciclo das águas, vital para a preservação da rica biodiversidade que pulsa em seus rios, corixos e lagoas, na cheia e na seca, no solo e no ar. O uso abusivo dos recursos do bioma, que produz um estado de desequilíbrio cada vez mais visível, pode, segundo especialistas, resultar na desertificação dessa região.
A atitude do homem contemporâneo, que pouco faz para frear a escalada de desmatamento, emissão de gás carbônico e desvio de nascentes de água para a agropecuária não sustentável, está nos levando a um estado de ecocídio em todo o planeta.
Lalo de Almeida e Luciano Candisani, dois dos mais proeminentes e premiados fotodocumentaristas brasileiros, vêm dedicando parte de suas trajetórias profissionais a documentar o Pantanal como uma forma de dar visibilidade a essas pulsões de vida e de morte que surgem justapostas entre a época das cheias e a da seca.
Lalo fotografou o Pantanal durante os incêndios de 2020 e 2024, que calcinaram cerca de 26% da região e mataram em torno de 17 milhões de animais vertebrados. Suas imagens circularam pelo mundo e ajudaram a alertar a sociedade civil, a classe científica, o governo brasileiro e organismos internacionais sobre a gravidade do problema. Essas imagens, em parte aqui expostas, deram a ele o prestigiado prêmio World Press Photo.
Luciano documenta ecossistemas ao redor do mundo de forma sistemática. Na última década, passou parte de seu tempo submerso no Pantanal. Suas imagens, de rara excelência técnica, resultaram num acervo de suma importância para embasar pesquisas e mostrar ao mundo a urgência no combate aos crimes ambientais que acabam por gerar, também, as mudanças climáticas. Por esse trabalho, ele ganhou o prêmio Wildlife Photographer of the Year, em 2012.
Lalo de Almeida e Luciano Candisani são cronistas visuais que elegem temas sensíveis para investigar por longos períodos, em parceria com cientistas e pesquisadores. Para obter o resultado exposto nesta mostra, criam logísticas complexas e se expõem a vários tipos de perigo.
É em trabalhos como esses, que aliam idealismo, paixão e militância, que a fotografia alcança seu ápice, tornando-se uma janela aberta a revelar as idiossincrasias e o sublime do mundo.
Esta mostra busca gerar novas consciências não apenas sobre a situação do Pantanal, mas também acerca de nossas atitudes erráticas, que poluem o ar, os rios e os mares, causando danos por toda parte. Estamos diante de um exemplo crítico: a Baía de Guanabara recebe, além de resíduos industriais, dejetos do esgoto não tratado de quinze municípios, o que destrói a vida marinha e ameaça arruinar a beleza desse lugar esplêndido.
Eder Chiodetto, curador da exposição
exposição-manifesto: um convite à ação
As ameaças ao delicado regime hídrico que sustenta a enorme biodiversidade do Pantanal, um dos seis principais biomas brasileiros, tornaram-se evidentes nos últimos anos. Afetado pelo desmatamento nas regiões altas próximas, que deixa desprotegidas as nascentes e as margens dos rios formadores do Pantanal, esse mundo de águas, descrito como “paraíso terrestre” pelos primeiros portugueses e espanhóis que lá chegaram no século 16, está cada vez mais seco. Pior: desde 2020, a região arde diante dos nossos olhos, numa série histórica de incêndios florestais.
Esta exposição foi pensada como um manifesto contra as perdas severas que as mudanças climáticas e a ação humana vêm impondo ao Pantanal, em uma longa (e continuada) história de agressão. Foi a sensibilidade do curador Eder Chiodetto que reuniu dois dos maiores fotógrafos em ação no Brasil hoje, Lalo de Almeida e Luciano Candisani, para compor um conjunto de imagens que contrapõe a beleza viva da paisagem pantaneira aos efeitos devastadores da seca e do fogo.
O que move o Documenta Pantanal é a crença no poder de manifestações culturais potentes – como as fotografias reunidas aqui – de documentar, alertar, sensibilizar e mobilizar públicos no Brasil e no mundo. Desde 2019, a iniciativa se empenha em apontar os efeitos das mudanças climáticas e da ação humana sobre o Pantanal em filmes, livros e campanhas, entre outras ações.
Para nós, faz todo sentido trazer Água Pantanal Fogo a um museu que se dedica a perscrutar nossos futuros possíveis. Tanto mais no ano em que o Brasil sedia a COP, principal conferência internacional sobre o clima e, ao mesmo tempo, vê se desenharem tantas ameaças ao nosso ainda deficiente regramento ambiental.
No centro desta exposição está um bioma de relevância internacionalmente reconhecida por sua biodiversidade e como fonte de água doce, e de forte influência sobre o clima brasileiro e sul-americano. O Pantanal é o paradigma de uma urgência que diz respeito a todos nós, que vivemos neste planeta. Mais do que defender a necessidade óbvia de conservar os nossos patrimônios naturais, interessa-nos, aqui, convocar públicos cada vez mais amplos a tomar consciência da gravidade da crise climática e a refletir sobre o que é preciso fazer para contê-la.
Mônica Guimarães e Teresa Bracher (Documenta Pantanal)
.
Textos Exposição
Terra de Água
O Pantanal é a maior planície inundável interior contínua do mundo e um dos seis principais biomas brasileiros. Integra a Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai, que tem cerca de 600 mil quilômetros quadrados, quase 60% deles no Brasil, com trechos na Bolívia e no Paraguai. É formado pela planície pantaneira, que se estende pelos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, rodeada por um conjunto de planaltos, serras e chapadas. Fica entre regiões naturais importantes, como a Amazônia, a Mata Atlântica e o Cerrado, e é único em biodiversidade: sua fauna e sua flora misturam elementos de todas essas ecorregiões.
Dividido em sub-regiões de paisagens diversas, o Pantanal tem como principal característica o ciclo (ou pulso) de inundação, ou seja, a alternância anual entre estações chuvosa e seca. Na estação chuvosa, concentrada entre novembro e março, a planície inunda e formam-se áreas alagadas, lagoas e corixos (braços de rio). Na seca, que tem seu ápice em agosto, os incêndios são frequentes e especialmente perigosos, sobretudo onde há acúmulo de biomassa vegetal seca. O uso de fogo na formação de campos para o gado, limpeza de terrenos e colheita de mel, entre outros, é comum no Pantanal, mas fica proibido nos meses de seca.
Perto do ponto de não-retorno
O Pantanal, vasta planície inundável do Brasil e a maior do mundo, é atualmente um dramático epicentro das adversidades climáticas exacerbadas pela ação humana. A região enfrenta secas severas e incêndios descontrolados, fenômenos que espelham não apenas uma crise ambiental local, mas também uma perturbação climática de escala global.
Os eventos no Pantanal não são um fenômeno isolado. O planeta testemunha um crescimento alarmante na frequência e na gravidade de eventos climáticos extremos. Tempestades devastadoras e ondas de calor sem precedentes são observadas nas Américas e na Europa, evidenciando uma crise que desafia fronteiras geográficas e exige atenção internacional.
Essa intensificação dos eventos extremos deve-se à interação das atividades humanas com os delicados sistemas naturais do planeta. A queima de combustíveis fósseis, as práticas agrícolas insustentáveis e, crucialmente, o desmatamento e a degradação acelerada, especialmente nas regiões tropicais, contribuem significativamente para esse cenário.
As florestas e savanas da Amazônia e do Cerrado são vitais para a regulação hídrica e climática. Ao serem degradadas, comprometem o regime de chuvas e afetam regiões dependentes, como o Pantanal. O desmatamento nesses biomas contribui para a redução drástica na umidade, que precipita secas e incêndios.
É alarmante constatar que, nas últimas três décadas, o Pantanal sofreu uma redução de 60% da sua superfície de água, segundo dados do MapBiomas, iniciativa que, desde 2015, analisa o uso do solo nos diversos biomas brasileiros. É um indicativo claro do impacto que as alterações climáticas e a destruição dos ecossistemas têm sobre os ambientes aquáticos e a biodiversidade.
A interligação entre o desmatamento nos biomas vizinhos e a alteração no ciclo de água do Pantanal é um exemplo palpável de como os impactos ambientais são interconectados e amplificados pelas atividades humanas. Secas prolongadas no Pantanal não apenas reduzem a umidade do solo e da vegetação, tornando a área mais propensa a incêndios; também afetam a biodiversidade e a vida das comunidades locais.
Diante desse quadro desafiador, a mitigação emerge como uma necessidade urgente. Reduzir emissões de gases de efeito estufa, promover práticas agrícolas sustentáveis e preservar áreas florestais são medidas essenciais. A colaboração global entre sociedades, governos e organizações é fundamental para desenvolver estratégias de adaptação e mitigação que possam enfrentar uma crise tão iminente quanto escalável.
Compreender a magnitude da crise climática e o papel vital que cada um pode desempenhar na promoção de um futuro mais sustentável é crucial. Podemos estar muito próximos de "pontos de ruptura" climáticos que, uma vez ultrapassados, podem desencadear mudanças irreversíveis e autoperpetuantes nos sistemas terrestres, tornando a vida significativamente mais difícil e imprevisível para as gerações futuras.
A adoção de medidas rigorosas de proteção ambiental e a rápida transição para uma economia de baixo carbono são essenciais para mitigar os riscos de ultrapassar esses pontos de não-retorno. Agir agora não é apenas uma responsabilidade ética; é uma necessidade pragmática para garantir um futuro sustentável e habitável. Nossa geração tem o dever de reconhecer e responder a essas ameaças com a urgência e a seriedade que elas exigem, para assegurar que não comprometamos a capacidade do planeta de sustentar a nossa e as futuras gerações.
.
Pílulas de Conteúdo
Texto 1
Reconhecido como patrimônio nacional, o Pantanal abriga uma Reserva da Biosfera, um Sítio do Patrimônio Natural da Unesco e quatro áreas úmidas consideradas de importância internacional pela Convenção de Ramsar, tratado assinado por mais de 170 países para a conservação e o uso racional de recursos hídricos. Mas o Brasil faz menos que seus vizinhos pela conservação do bioma: apenas 2% da sua parte da Bacia do Alto Paraguai estão sob proteção integral. Na Bolívia, essa porcentagem é de 46%. O parque boliviano de Valle de Tucavaca, com 263 mil hectares, tem quase o dobro do tamanho do Parque Nacional do Pantanal, a maior unidade de conservação brasileira na bacia.
Texto 2
A Constituição de 1988 prevê a criação de leis de proteção para cada um dos seis principais biomas do Brasil. Mas só a Mata Atlântica possui lei federal própria. Em 2024, o Supremo Tribunal Federal deu ao Congresso dezoito meses para criar a Lei do Pantanal. Um ano antes, o Mato Grosso do Sul sancionava uma lei que protege seus quase 10 milhões de hectares de Pantanal. Colaboração inédita entre fazendeiros, ambientalistas e o governo brasileiro, ela determina que as propriedades rurais preservem 50% de suas formações florestais e de Cerrado e 40% dos campos, e proíbe a supressão de vegetações frágeis, novas plantações agrícolas exóticas, como soja e cana-de-açúcar, e a construção de diques, drenos, barragens e pequenas hidroelétricas, que alteram o regime hidrológico do bioma.
Texto 3
O Pantanal abriga cerca de 260 espécies de peixes, 50 de anfíbios, 150 de répteis, 580 de aves e 170 de mamíferos. É o bioma brasileiro que mais preserva as suas espécies animais: segundo o Instituto Chico Mendes, menos de 10% das espécies que habitam o Pantanal hoje apresentam contingentes preocupantes. O cervo-do-pantanal, a onça-pintada, a ariranha e a arara-azul são exemplos de espécies ameaçadas em outras regiões brasileiras que têm, no Pantanal, populações expressivas. Além da perda de hábitats naturais, acelerada por fatores como o assoreamento dos rios, os incêndios recentes são também uma ameaça direta aos animais do Pantanal. Em 2020, 17 milhões de vertebrados morreram no fogo, que também destrói territórios e limita o acesso à água e a fontes de alimentação.
Texto 4
Apesar de manter mais de 80% de sua cobertura natural preservada, o Pantanal é o bioma brasileiro que mais perdeu em volume de água nos últimos quarenta anos: 80%, entre 1985 e 2021. O fenômeno está diretamente ligado à degradação do Cerrado, nos planaltos onde nascem os rios da Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai. Em 2020, menos de metade do território do Cerrado conservava sua vegetação nativa (43,4%); o desmatamento, relacionado às práticas tradicionais da pecuária intensiva e da monocultura, sobretudo de soja, reduz o volume da água que inunda a planície pantaneira. A dependência em relação ao Cerrado fragiliza o Pantanal, mas é desconsiderada pelas legislações de proteção vigentes.
Texto 5
O desmatamento nas regiões de transição entre planalto e planície vem acelerando o assoreamento de rios pantaneiros. Nesses terrenos em declive, de solo arenoso, a perda de vegetação ciliar nativa favorece o surgimento das voçorocas, enormes buracos de erosão cavados pela água das chuvas que atingem o lençol freático e deixam o solo exposto. Na Bacia do Alto Taquari, que perdeu mais de metade da sua mata nativa entre os anos 1970 e 1990, há hoje cerca de duas mil voçorocas. Os sedimentos carregados para a planície transformaram o rio num labirinto de águas rasas, com extravasamentos que inundaram, de forma permanente, 450 mil hectares de terra. Com enormes impactos sociais e econômicos, o assoreamento do Taquari é um dos maiores desastres ambientais em curso no Pantanal.
Texto 6
A dinâmica de cheias e secas molda a paisagem e a biodiversidade do Pantanal. O regime de inundação sofre o impacto da ação humana, mas também das mudanças de temperatura e umidade na Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai. Imagens do MapBiomas, sistema referencial de mapeamento do uso do solo nos biomas brasileiros, mostram que a maior planície úmida do planeta está secando. Em trinta anos, de 1988 a 2018, a área total coberta por água nas cheias encolheu 29%: de 7,2 para 5,1 milhões de hectares. Em 2023, a superfície de água anual (pelo menos seis meses com água) ficou 61% abaixo da média histórica. As cheias estão menores em extensão e duração. O novo padrão é atribuído a vetores de degradação locais, nacionais e globais: a conversão de áreas naturais em pastagens exóticas, o desmatamento no planalto, os incêndios recorrentes, a irregularidade no regime de chuvas, ligada ao desmatamento da Amazônia, e o agravamento da crise climática.
Texto 7
De todos os biomas brasileiros, o Pantanal foi o que mais queimou nos últimos 36 anos: 57% do território sofreu pelo menos um incêndio no período. Na última década, as mudanças climáticas tornaram a região mais suscetível ao fogo, elevando a velocidade de propagação dos incêndios e dificultando o combate. Em 2020, o ano mais seco desde 1985, o bioma teve mais de 2,3 milhões de hectares queimados. Em 2024, a precipitação acumulada foi a mais baixa desde 2020, e os incêndios começaram cedo: em junho, já tinham atingido uma área 529% maior do que a média dos anos anteriores. Em agosto, segundo o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o fogo já chegara a 2,3 milhões de hectares, ou 15,61% do Pantanal.
Texto 8
O Pantanal tem a função de regular o regime hídrico de regiões amplas. Os efeitos das alterações climáticas sobre o bioma têm reverberações. Um exemplo são as chuvas intensas que atingiram o sul do Brasil em 2024, deixando mais de quatrocentas mil pessoas desabrigadas. A onda de calor na região central do país, com temperaturas cerca de 5°C acima da média do período, impediu que as frentes frias da região Sul se espalhassem, contribuindo para manter as áreas de instabilidade sobre o território gaúcho. O efeito combina-se com outros fatores, como correntes de vento, o corredor de umidade que vem da Amazônia e o El Niño, que aquece as águas do Pacífico e ajuda a aumentar a pluviosidade.
Texto 9
Entrevistado durante a onda de incêndios criminosos que tomou o Brasil em 2024, o climatologista Carlos Nobre se disse “apavorado” diante da velocidade da mudança climática: “Temos a maior temperatura que o planeta experimentou em cem mil anos. Desde que existem civilizações, há dez mil anos, nunca chegamos nesse nível, em que todos os eventos climáticos se tornaram tão intensos e frequentes. São secas em todo o mundo, tempestades, ressacas [...]. Ninguém previa isso”. Os acordos firmados nas últimas décadas para conter as temperaturas falam em remover 5 milhares de milhões de toneladas de dióxido de carbono da atmosfera por ano, a partir de 2050, para chegar a 2100 com um aumento de 1°C. “Mas infelizmente já estamos atingindo 1,5°C”, apontou o cientista.
Texto 10
“O Pantanal não está acossado apenas pelo fogo. Toda a água que inunda a maior planície alagável do mundo nasce no planalto do seu entorno [...]. Em meio a pastos e plantações de milho e soja, fragmentos de vegetação nativa e centrais hidroelétricas, lá estão as nascentes dos principais rios pantaneiros. No caso das hidroelétricas, são 38 empreendimentos em operação na Bacia do Alto Paraguai. O rio com mais barramentos é o Jaú, com seis hidroelétricas em operação. ‘As usinas se sentem donas do rio’, diz o pescador Francisco Freire. ‘Não estão nem aí para os peixes e nem para as pessoas’.”
Fabiano Maisonave, “Bioma é ameaçado por hidroelétricas, desmate e agrotóxico”. Folha de S.Paulo, 7 jul. 2021.
.
Legendas Obras
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Cervo-do-pantanal procura refúgio em lagoa para se proteger de incêndio florestal nas margens da estrada BR-262.
Miranda, Mato Grosso do Sul, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Bombeiro militar combate o fogo durante incêndio florestal na fazenda Jofre Velho.
Porto Jofre, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Placa em entrada de fazenda no limite do Parque Estadual Nascentes do Taquari, criado para proteger as nascentes dos rios que formam a bacia do Taquari.
Alcinópolis, Mato Grosso do Sul, 2021
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Fumaça de incêndio florestal cobre a estrada do Hotel Sesc Porto Cercado.
Poconé, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Jacaré morto em corixo seco às margens da rodovia Transpantaneira, durante os incêndios de 2020.
Poconé, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Bezerro agoniza depois de ter as patas queimadas no incêndio que atingiu a fazenda São Francisco.
Santo Antônio de Leverger, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Bombeiro combate incêndio florestal na fazenda Jofre Velho.
Porto Jofre, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Crianças guató brincam entre árvores queimadas na Terra Indígena Baía dos Guató, que teve mais de 80% do seu território destruído pelo fogo.
Barão de Melgaço, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Jacaré morto em incêndio florestal nas margens da rodovia Transpantaneira.
Poconé, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Bombeiros do Prevfogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais), trazidos do Piauí, deslocam-se de caminhão para combater foco de incêndio na fazenda Santa Tereza.
Corumbá, Mato Grosso do Sul, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
O fazendeiro João Alberto Martins remove vegetação seca na tentativa de deter um incêndio em suas terras.
Santo Antônio de Leverger, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Brigadistas do Hotel Sesc Porto Cercado combatem incêndio florestal próximo, auxiliados por avião do corpo de bombeiros.
Poconé, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Vegetação queimada depois da passagem de incêndio florestal pelas cercanias do Hotel Sesc Porto Cercado.
Poconé, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Bando de macacos-prego carbonizados sob uma árvore na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Sesc Pantanal.
Barão de Melgaço, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Pegadas de onça no leito de lagoa seca na fazenda Santa Tereza, região da Serra do Amolar.
Corumbá, Mato Grosso do Sul, 2021
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Sucuri queimada perto de lagoa na fazenda Santa Tereza, região da Serra do Amolar.
Corumbá, Mato Grosso do Sul, 2021
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Cervo-do-pantanal atravessa a rodovia Transpantaneira em meio à fumaça de um incêndio florestal.
Poconé, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Foco de fogo no Pantanal Sul. Anunciados por longa estiagem, os incêndios de 2024 foram os piores desde 2020.
Miranda, Mato Grosso do Sul, 6 ago. 2024
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Para fugir do fogo, jacarés buscam abrigo em uma pequena ilha de corixo às margens da rodovia Transpantaneira.
Poconé, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Jabuti queimado por incêndio às margens da rodovia Transpantaneira.
Poconé, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Banhistas tentam apagar incêndio florestal ao redor de cachoeira no rio Mutum.
Santo Antônio de Leverger, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Turistas tomam banho em cachoeira no rio Mutum, enquanto incêndio florestal destrói a vegetação ao redor.
Santo Antônio de Leverger, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Incêndio destrói velozmente a vegetação na fazenda Paraíso, no Pantanal da Nhecolândia.
Corumbá, Mato Grosso do Sul, 2 ago. 2024
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Durante incêndio na rodovia Transpantaneira, morador voluntário monitora ponte de madeira que, se fosse destruída pelo fogo, deixaria isoladas as comunidades ligadas pela estrada.
Porto Jofre, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Onça-pintada caminha pela vegetação queimada do Parque Estadual Encontro das Águas.
Poconé, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Ave carbonizada após incêndio que atingiu a fazenda Santa Tereza, região da Serra do Amolar.
Corumbá, Mato Grosso do Sul, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Brigadistas voluntários avaliam incêndio florestal na fazenda Jofre Velho.
Porto Jofre, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Vista aérea de incêndio florestal na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Sesc Pantanal.
Barão de Melgaço, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Cinzas de uma árvore totalmente consumida pelo fogo em pasto queimado na fazenda São Francisco.
Santo Antônio de Leverger, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Brigadistas do Hotel Sesc Porto Cercado combatem incêndio florestal próximo, auxiliados por caminhão-pipa e por avião do corpo de bombeiros.
Poconé, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Foco de incêndio no Pantanal Sul, uma das regiões atingidas pelos incêndios de 2024.
Miranda, Mato Grosso do Sul, 6 ago. 2024
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Devastada pelos incêndios de 2020, a fazenda Santa Tereza, na região da Serra do Amolar, teve quase toda a sua área de mata queimada novamente em 2024.
Corumbá, Mato Grosso do Sul, 6 ago. 2024
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Jacaré morto em incêndio florestal às margens da rodovia Transpantaneira.
Poconé, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Cinzas cobrem o chão de floresta queimada por incêndio na fazenda Santa Tereza, região
da Serra do Amolar.
Corumbá, Mato Grosso do Sul, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Jacaré morto em lagoa seca na fazenda Santa Tereza, região da Serra do Amolar.
Corumbá, Mato Grosso do Sul, 2021
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Bombeiro militar observa o fogo cercar a casa de um ribeirinho na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Sesc Pantanal.
Barão de Melgaço, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Macaco bugio carbonizado por incêndio florestal na fazenda Santa Tereza.
Corumbá, Mato Grosso do Sul, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
imagem contemplada com o prêmio World Press Photo em 2020
_________________________________________________________________________
“No começo de outubro de 2020, um grande foco de incêndio desceu as encostas da Serra do Amolar e atingiu em cheio a fazenda Santa Tereza. Era uma área de vegetação alta, e as labaredas chegavam a dezenas de metros. Não pudemos nos aproximar muito, porque o incêndio consumia a vegetação numa velocidade incrível. O fogo em movimento fazia um barulho ensurdecedor, semelhante ao de uma turbina de avião. No dia seguinte, depois que o incêndio atravessou a fazenda, saí para fotografar, acompanhado do gerente, Rafael Galvão. A floresta tinha se tornado um paliteiro de árvores carbonizadas, com o chão coberto de cinzas bem claras. Parecia que tinha nevado. Um cenário surreal. O fogo passou com tal intensidade e violência que nem mesmo os animais mais rápidos e inteligentes conseguiram escapar. Aves calcinadas nos galhos das árvores não tiveram tempo de voar. Antas e sucuris não conseguiram chegar à lagoa que teria sido sua salvação. Mais à frente, em meio àquele cenário devastador, um macaco bugio carbonizado parecia uma figura humana se arrastando para fugir das chamas. Foi a última foto que fiz dessa cobertura dos incêndios do Pantanal em 2020.”
Lalo de Almeida
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Vegetação queimada ao longo da rodovia Transpantaneira.
Poconé, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
“A rodovia Transpantaneira é um dos melhores lugares para observar vida selvagem do Brasil. Nos incêndios de 2020, a maior parte do entorno da estrada de quase 130 quilômetros foi devastada pelo fogo. No começo de setembro, passei uma semana percorrendo a região para documentar a tragédia. Era comum encontrar lontras e jacarés deslocando-se pela estrada em busca de água. A maioria dos corixos que a rodovia cruza estavam secos. Em alguns, animais agonizavam, esperando a morte. Focos de incêndio brotavam de todas as direções e nem mesmo as pontes de madeira da estrada escapavam do fogo. E, no meio de todo esse caos, não se via nenhum tipo de combate organizado aos incêndios. O Pantanal estava abandonado à própria sorte. Em uma das poucas vezes que
encontrei um bombeiro na estrada, ele me disse, resignado: ‘Aqui não tem mais jeito. O fogo só vai parar quando queimar tudo ou a chuva chegar’.”
Lalo de Almeida
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Veado morto sobre pasto queimado próximo à fazenda São Francisco do Perigara.
Barão de Melgaço, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
“Eu e o repórter da Folha de S.Paulo Fabiano Maisonnave estávamos a caminho da fazenda São Francisco do Perigara, em Barão de Melgaço. O cenário às margens da estrada de terra era apocalíptico. Tudo estava cinza e preto. Animais atordoados, alguns feridos, atravessavam a estrada com frequência. No meio de um campo todo queimado, havia um ponto marrom. Quando nos aproximamos, vimos que era um veado morto. Do outro lado da estrada, um filhote assustado observava o corpo da mãe, sem reagir à nossa presença. Alguns metros mais à frente, por baixo de uma árvore, havia um bando de macacos-prego carbonizados. Eram dezenas, adultos e filhotes, todos mortos, lado a lado. Ainda estávamos no começo da cobertura dos incêndios no Pantanal, mas foi a partir desse dia que entendemos o tamanho da tragédia que estava acontecendo na região.”
Lalo de Almeida
_________________________________________________________________________
Lalo de Almeida
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Bombeiros militares combatem incêndio florestal na fazenda São Francisco do Perigara.
Barão de Melgaço, Mato Grosso, 2020
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
“A fazenda São Francisco do Perigara concentra a maior população de araras-azuis do mundo. Quando chegamos lá, em agosto de 2020, para documentar os incêndios que atingiam a região, encontramos três bombeiros que, com uma viatura quebrada, tentavam minimizar os danos. Eles trabalhavam arduamente, catorze horas por dia, sob um sol inclemente, das seis da manhã às oito da noite. E, mesmo assim, não conseguiam impedir que os focos de incêndio, impulsionados pelo vento forte, continuassem a se espalhar, queimando dezenas de hectares de vegetação todos os dias. Era desesperador ver o esforço desses homens e o resultado de seu trabalho. Era como enxugar gelo. No final da temporada, o fogo havia consumido 90% da área da fazenda.”
Lalo de Almeida
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Jacarés na lagoa do Bamburro.
Fazenda Pouso Alegre, Pantanal de Poconé, Mato Grosso, nov. 2011
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
“Vejo nos jacarés a imagem da ligação da dinâmica da água com a vida no Pantanal. A lagoa do Bamburro atrai milhares deles durante o período reprodutivo da espécie, que coincide com a chegada das primeiras chuvas. Fiz esta fotografia no início da noite, com a câmara fixa em um tripé montado na beira da lagoa. Uma lua cheia iluminava as nuvens por trás. Os jacarés, naturalmente imóveis quando em termorregulação, foram iluminados com disparos sucessivos do flash durante uma exposição de 6 minutos. Para conferir volume à mata ciliar, usei um farolete potente. O mais difícil foi coordenar todas essas variáveis sob o ataque implacável de nuvens de mosquitos. Quando vi o resultado, percebi que esta imagem já morava no meu imaginário desde a minha primeira viagem ao Pantanal, com meu pai, na década de 1980. Na época, auge da matança de jacarés pelos coureiros, era difícil avistar os animais. Para isso, saíamos à noite, iluminando as margens com um farolete que revelava os olhinhos dos jacarés brilhando na escuridão. Nunca esqueci aquela imagem.”
Luciano Candisani
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Jardim de macrófitas aquáticas na Vazante do Mangabal, curso de água intermitente formado pelas águas de inundação.
Pantanal da Nhecolândia, Mato Grosso do Sul, mar. 2011
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
“A melhor maneira que encontrei para explorar as águas rasas da Vazante do Mangabal foi usar uma canoa. Passei muitas horas remando sozinho em busca de ângulos capazes de revelar os extraordinários jardins de macrófitas aquáticas formados durante o período da cheia. Minha curiosidade por esses ambientes, surgida aos 15 anos, na minha primeira viagem ao Pantanal, me levaria, mais tarde, a voltar numerosas vezes à região com o objetivo único de explorar suas águas misteriosas. Nos últimos dez anos passei centenas de horas submerso nos domínios de jacarés, sucuris, piranhas e ariranhas, sempre a poucos centímetros dessas criaturas. Também voei a bordo de monomotores buscando entender, do alto, os contornos e padrões gerais das paisagens aquáticas, invisíveis ao nível do solo. As fotografias deste trabalho nasceram desse esforço de interpretação. De longe ou de perto, elas jamais prescindem do fio condutor líquido: a água está presente em todas as imagens, assim como em tudo que tem vida.”
Luciano Candisani
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Dourado no rio Olho-d’Água.
Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Cabeceira do Prata, Jardim, Mato Grosso do Sul, maio 2013
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
“Quando fotografei esse dourado, buscava imagens capazes de evocar uma conexão vital: as águas que formam o Pantanal chegam pelos rios nascidos nas terras altas ao seu redor. Como artérias de um organismo, esses cursos hídricos determinam a existência e sustentam a biodiversidade na planície. A imagem foi feita em um trecho próximo à nascente do rio Olho-d’Água, no Planalto da Bodoquena. Logo depois de emergir do solo calcário, esse rio cristalino se junta ao rio da Prata, um dos tributários do Miranda que, por sua vez, encontra o rio Paraguai já na planície. Essa extraordinária fonte hídrica está bem protegida nos limites de uma reserva particular. Mas, infelizmente, essa não é a regra. Muitas das nascentes dos planaltos, que fornecem água para a planície pantaneira, são vítimas de assoreamento e contaminação, relacionados ao mau uso do solo por lavras e pastagens. Paradoxalmente, na década que eu passei buscando maneiras de revelar a vida escondida dentro das águas do Pantanal, a maior planície inundável da Terra perdia muito da sua superfície úmida em consequência da destruição de nascentes. E um ambiente mais seco, associado ao aquecimento global, favorece o alastramento do fogo.”
Luciano Candisani
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Piraputangas nas primeiras horas do dia no rio Olho-d’Água. O pequeno curso ajuda a formar o Pantanal, ao juntar-se ao rio da Prata, afluente do Miranda, que encontra o rio Paraguai na planície.
Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Cabeceira do Prata, Jardim, Mato Grosso do Sul, maio 2013
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Capivara, exemplar do maior roedor do mundo, e filhotes em praia do rio Cuiabá.
Pantanal de Poconé, Mato Grosso, jul. 2017
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Detalhes do olho de um cascudo, fotografado com uma objetiva macro, revelam um mundo subaquático normalmente oculto pelas águas turvas dos rios pantaneiros.
Rio Mata-Cachorro, Pantanal do Paiaguás, Mato Grosso do Sul, fev. 2012
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Cardume de mato-grossos tenta comer os ovos depositados por uma piranha junto a raízes de aguapé.
Lagoa Marginal do Rio Formoso, Bonito, Mato Grosso do Sul, ago. 2012
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Durante a seca, há grande concentração de jacarés em lagoas que se mantêm relativamente cheias e ricas em peixes.
Fazenda Pouso Alegre, Pantanal de Poconé, Mato Grosso, nov. 2011
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Vista aérea do rio Negro na região da fazenda Barranco Alto. Durante a seca, surgem praias de areias brancas e ipês florescem na mata ribeirinha.
Pantanal da Nhecolândia, Mato Grosso do Sul, jul. 2007
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Jardins de macrófitas sustentam um pujante ecossistema aquático debaixo de árvores que morreram em inundação causada pelo assoreamento do rio Taquari.
Corixão, Pantanal do Paiaguás, Mato Grosso do Sul, fev. 2012
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Tomada de drone revela o curioso padrão formado pela vegetação aquática flutuante na superfície de um canal.
Fazenda Barra Mansa, Pantanal da Nhecolândia, Mato Grosso do Sul, maio 2018
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Ariranha aproxima-se do barco e estica o pescoço para tentar expulsar o invasor do seu território.
Rio Cuiabá, Pantanal de Poconé, Mato Grosso, abr. 2010
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Habituada à presença de observadores em barcos, onça--pintada bebe água no Parque Estadual do Encontro das Águas, na confluência dos rios Cuiabá, Três Irmãos, Piqueri e Corixo Negro.
Pantanal de Poconé, Mato Grosso, jul. 2017
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Cardume de pacupebas entre a vegetação aquática densa do corixo Mata-Cachorro, próximo ao rio Paraguai.
Pantanal do Paiaguás, Mato Grosso do Sul, fev. 2014
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Piranha no rio Corixão. Abundante nos rios pantaneiros, o peixe normalmente ignora o fotógrafo mergulhador.
Pantanal do Paiaguás, Mato Grosso do Sul, fev. 2012
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Detalhe de piranha fêmea que montava guarda junto a seu ninho na vegetação aquática do corixo Mata-Cachorro.
Pantanal do Paiaguás, Mato Grosso do Sul, fev. 2012
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Curimbatás em formação de defesa diante da presença de uma ariranha, sob superfície encrespada pela chuva.
Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Cabeceira do Prata, Jardim, Mato Grosso do Sul, fev. 2001
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Piraputanga atenta aos movimentos na superfície do rio Olho-d’Água, onde come frutos e folhas.
Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Cabeceira do Prata, Jardim, Mato Grosso do Sul, fev. 2013
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Ariranha faz aparição rara nas águas cristalinas do rio Olho-d’Água. O mamífero aquático é mais comum nos rios do Pantanal e da Amazônia, de água turva.
Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Cabeceira do Prata, Jardim, Mato Grosso do Sul, fev. 2011
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Vista aérea da Vazante do Castelo inundada revela o canal principal de escoamento.
Pantanal da Nhecolândia, Mato Grosso do Sul, maio 2018
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Jacaré fotografado na linha--d’água. Vítimas de uma matança por caçadores coureiros nos anos 1970/1980, os jacarés hoje sofrem com o encolhimento da superfície aquática do Pantanal.
Vazante do Castelo, Pantanal da Nhecolândia, Mato Grosso do Sul, jun. 2021
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Depois da cópula, sucuri-verde fêmea de 7 metros envolve o parceiro, de cerca de 2,5 metros, para devorá-lo e repor sua energia. A imagem é o primeiro registro fotográfico desse comportamento.
Brejão do Formoso, Bonito, Mato Grosso do Sul, jul. 2012
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Abundantes nos rios pantaneiros, os cascudos fazem tocas no fundo para os ninhos. Quando a água baixa, elas ficam expostas.
Rio Cachorro Morto, Pantanal do Paiaguás, Mato Grosso do Sul, fev. 2012
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Sob o olhar atento da mãe, filhotes de jacaré recém-nascidos fazem suas primeiras incursões na água, numa baía próxima à Vazante do Mangabal, local com grande concentração de ninhos.
Pantanal da Nhecolândia, Mato Grosso do Sul, mar. 2011
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
A cheia extrema de 2011 atingiu áreas que normalmente ficam fora da água,
como esta árvore, vários metros acima da margem do rio Touro Morto.
Pantanal do Miranda, Mato Grosso do Sul, jun. 2011
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Nuvem cúmulo cresce sobre o rio Touro Morto, afluente do Miranda, que deságua no rio Paraguai.
Pantanal do Miranda, Mato Grosso do Sul, jun. 2011
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Nascente do rio Olho-d’Água em reserva no planalto da Bodoquena. Das águas que formam o Pantanal, com origem nas terras altas ao redor, poucas são protegidas.
Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Cabeceira do Prata, Jardim, Mato Grosso do Sul, set. 2012
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Raia camufla-se no fundo arenoso da Vazante do Castelo.
Pantanal da Nhecolândia, Mato Grosso do Sul, maio 2010
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Jacaré com a cabeça fora da água, à espera de presas. O animal pode passar horas nessa posição.
Vazante do Castelo, Pantanal da Nhecolândia, Mato Grosso do Sul, jun. 2011
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
A 1,5 metro da câmera, jacaré abre a boca à espera dos cardumes que descem ao sabor da correnteza quando a água escorre dos campos inundados para os rios, na vazante.
Fazenda Barra Mansa, Pantanal da Nhecolândia, Mato Grosso do Sul, abr. 2010
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Pantaneiro em pé sobre canoa, visto de dentro da água. Assim como a paisagem, também a cultura e o modo de vida no Pantanal foram forjados pela água.
Vazante do Mangabal, Pantanal da Nhecolândia, Mato Grosso do Sul, mar. 2011
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Vista aérea de floresta aquática composta por macrófitas de até 4 metros de comprimento, em curso de água intermitente, formado pelo escoamento das águas de inundação.
Vazante do Castelo, fazenda Barra Mansa, Pantanal da Nhecolândia, Mato Grosso do Sul, maio 2018
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
“Esta fotografia, feita com um drone, quase não mostra chão; praticamente tudo o que se vê é formado pela disposição e o movimento das plantas aquáticas, algumas presas ao fundo e outras flutuantes. A parte central, mais escura, é uma área de cerca de 3 metros onde as plantas não se fixam. A água molda a paisagem e controla a vida na maior planície inundável do planeta. O Pantanal pode ser imensidão líquida ou seca. De uma estação a outra, da estiagem às chuvas, seus campos ressequidos se transmutam em florestas submersas densas, coloridas e habitadas por miríades de peixes. Depois voltam a secar, numa dinâmica perene que é a essência desse incomparável espaço natural.”
Luciano Candisani
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Conhecidos como baías, os inúmeros lagos característicos de algumas regiões do Pantanal
abrigam um ecossistema subaquático rico e desconhecido.
Pantanal da Nhecolândia, Mato Grosso do Sul, maio 2011
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Inóspitas para plantas aquáticas, as salinas, lagoas de águas salobras, contrastam com a vida que pulsa nas baías de água doce.
Pantanal da Nhecolândia, Mato Grosso do Sul, out. 2008
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Ponto de ressurgência de água no subsolo calcário do rio Olho-d’Água, um dos muitos que nascem nos planaltos e abastecem o Pantanal.
Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Cabeceira do Prata, Jardim, Mato Grosso do Sul, fev. 2011
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Dois dourados disputam local de caça no rio Olho-d’Água, no ponto onde piraputangas se concentram para comer frutos e folhas que caem da floresta ribeirinha.
Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Cabeceira do Prata, Jardim, Mato Grosso do Sul, maio 2013
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
A rara e efêmera aparição de uma anta no fundo do rio Olho-d’Água.
Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Cabeceira do Prata, Jardim, Mato Grosso do Sul, jan. 2013
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Vista aérea da Vazante do Mangabal na cheia de 2011, umas das maiores já registradas. Nos meses de seca, a região abriga um vasto campo de gramíneas, quase sem sinal de água.
Pantanal da Nhecolândia, Mato Grosso do Sul, mar. 2011
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Água Pantanal Fogo
vídeo, 12’30”, 2024
fotos e vídeos: Lalo de Almeida e Luciano Candisani
direção de imagem: André Grynwask e Pri Argoud (Um Cafofo)
música original: Marcelo Pellegrini
produção musical: Surdina
_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Base da cadeia alimentar, plantas aquáticas fazem fotossíntese em pequena lagoa marginal de águas cristalinas. O destino dessas águas é a planície pantaneira.
Rio Formoso, Bonito, Mato Grosso do Sul, ago. 2011
jato de tinta sobre papel algodão_________________________________________________________________________
Luciano Candisani
São Paulo, SP, Brasil, 1970
Vítimas de uma matança por caçadores coureiros nos anos 1970/1980, os jacarés hoje sofrem com o encolhimento da superfície aquática.
Vazante do Castelo, Pantanal da Nhecolândia, Mato Grosso do Sul, jun. 2021
jato de tinta sobre papel algodão
_________________________________________________________________________
Ficha Técnica
MUSEU DO AMANHÃ
Diretor Executivo
Cristiano Vasconcelos
Curador
Fabio Scarano
Gerência Geral de Conteúdo
Camila Oliveira
Exposições
Caetana Lara Resende
Ingrid Vidal
Julia Deccache
Julia Meira
Guilherme Venancio
Rafael Salimena
Nathália Simonetti
Lorena Peña
Atendimento ao Público
Wagner Turques Guinesi
Alice Villa Frango
Nilson da Silva Ramos
Alessandra Batista da Conceição Penna
Brenda Pinheiro de Oliveira
Caio Correa de Sousa
Caue de Albuquerque Barroso
Douglas Porto Velho
Fernando Lopes Barbosa
Gabriel da Silva Ramos
Guilherme Augusto Gouveia
Igor Pereira Alencar
Ismael Freire de Almeida
José Americo da Rocha Filho
José Francisco de Souza
Luis Rodrigo dos Santos
Mariana Macedo do Nascimento
Matheus dos Santos Oliveira
Queren Priscila Oliveira de Souza
Rafael de Souza de Almeida
Raisa Medeiros de Oliveira
Shirlei de Oliveira Chagas
Vinicius Marcelo de Oliveira dos Santos
Vitor Santos da Silva
Yan Gomes Silveira
Educação Museal
Stephanie Santana
Renan Freira
Bianca Paes Araújo
Bruno Baptista
Fernanda de Castro
Juan Barbosa
Julia Mayer
Juliana Câmara
Marcus Andrade
Maria Luiza Lopes
Nicolle Portela
Nicolle Soalheiro
Thainá Nunes
Vinicius Andrade
Vinicius Valentino
Projeto Expográfico
GRUA
Caio Calafate
Pedro Varella
Igor Machado
Projeto de Design
Mariana Boghosian
Mariana Solis
Alexandre Carvalho
Anna Janot
Cenotécnico
Camuflagem Cenografia
Gráfica
Base Comunicação Visual
Montagem Fina
Kbedim
Instalações Audiovisuais
Luiz Lima
Ana Barth
Bruno Carreiro
Edson Castro
Vanderson Vieira
Inovatec Soluções Audiovisuais
Instalação Elétrica
Francisco Galdino
Diogo Freire
Marlon Vidal
Silas Miranda
Alexandre Souto
Jefton Elias
Ezequiel Tavares
Jose Petrucio
Camila Fraga
Piso e Mapa tátil
Paju SA Engenharia
Objetos sensoriais
Luiza Kemp
Acessibilidade de conteúdo
Juliette Viana
Produção
Órbita Produções
Projeto de emergência
PI Projetos e Instalações
Seguro das obras
Tokio Marine
JMS Seguros
ÁGUA PANTANAL FOGO
Fotografias
Lalo de Almeida
Luciano Candisani
Curador
Eder Chiodetto
Coordenação geral
Mônica Guimarães
Teresa Bracher
Coordenação de produção
Cassia Rossini
Produção
Isadora Falconi
Identidade visual
Vitor Cesar
Design
Karime Zaher
Coordenação editorial
Heloisa Vasconcellos
Texto e edição
Teté Martinho
Consultoria
Sandro Menezes Silva
Revisão
Vera Maselli
Versão em inglês
Anthony Doyle
Versão em espanhol
Larissa Bontempi
Mapas
Alessandro Meiguins
Diretores de imagem e videomapping
André Grynwask
Pri Argoud (Um Cafofo)
Trilha sonora do vídeo
Marcelo Pellegrini
Impressões fotográficas
Estúdio Kelly Polato
Administrativo
Júlia Sousa
Uma produção
Documenta Pantanal
Agradecimentos
Acaia Pantanal
Adelaide D’Esposito
Agustina Pezzani
Alexandre Bossi
Amadeu Barbosa
Amir Labaki
Ana Maria Barreto [Fazenda São Francisco do Perigara]
Ana Roman
Angela Kuczach
Angelo Rabelo
Anis Chacur
Ari e Silvia Weinfeld
Armando Lacerda
Beatriz Sayad
Belkiss Rondon
Camila Schweizer
Carla Almeida
Carlos Martins
Caroline Leuchtenberger
Claudia Gaigher
Cristina Barros – Tininha
Fernando Tortato [Panthera]
Folha de S.Paulo
Francisco Valeriano [Prevfogo/Ibama]
Gabriela Mendes
Grupo de Resgate Técnico Animal do Pantanal [Sergio Eduardo Barreto, Fernanda Jacoby, Nataly Nogueira, Paula Helena, Fernanda Alves, Rodrigo Piva, Luka Moraes]
Frico Guimarães
Guilherme Rondon
Gustavo Figueirôa
Ham Jung-Min
Haroldo Palo Jr. (in memoriam)
Ibama [Marcos Eduardo Coutinho]
Instituto Centro e Vida – ICV
Ivan Freitas da Costa [Porto Jofre]
Leonardo Gomes
Luciana Leite
Lucas Pupo
Luiz Vicente
Lygia Barbosa
MapBiomas Brasil
Marcy Junqueira
Maria Inez Barreto
Marina Moraes
Mario Haberfeld
Marta Magnani
Matthew Shirts
National Geographic [Roff Smith, Paul Nicklen]
Neiva Guedes
Nina Valentini
Paulina Chamorro
Paulo Gambale
Pedro Lacerda de Camargo
Paulo Machado
Rafael Galvão [Fazenda Santa Tereza]
Renato Roscoe [Instituto Taquari Vivo]
Ricardo Casarin
Ruivaldo Nery Andrade
Sandra Guató [Terra Indígena Baía dos Guató]
Sara Matos
Sesc Pantanal
Simone e Eduardo Coelho
Sofia Marçal
Sthéphanie Mascara
Tasso Azevedo
Vanessa Rodrigues de Morais
Vitória Arruda
Agradecimentos especiais
Chalana Esperança
Cristiane Sultani
Instituto Homem Pantaneiro – IHP
Instituto SOS Pantanal
Onçafari
Rede Pró-UC
Renata Lima
Vera Patrício Gouveia